O pesar me instiga novamente, inconsolável. Fecho os olhos e olho para meu próprio interior buscando algum resquício seu, e compreendo mesmo que relutante o fato de não haver mais nada. Nada. Só que dessa vez percebo algo além da minha até então compreensão, tu não foste apenas embora, mas deixaste de existir. Dou por mim que a minha concepção perfeita que havia um dia se materializado diante de meus fatídicos olhos, em uma questão de segundos se desintegrou no ar, feito fumaça. E em seu lugar permanece algo gélido feito um cadáver, cuja crueldade é tamanha que não respeita sequer o luto alheio. Cometeu o mais pecanimoso dos crimes, e age como se não fosse nada mais do que um golpe de ar violento passado por seu sistema respiratório, inconscientemente. É imperdoável! Qualquer outro homicidio poderia ser analisado, e questionada as suas circustâncias, mas não esse, é inexplicável, o cúmulo do cruel e do desprezível.
Mas não se preocupe, meu amor, não ficarás impune. Constantemente lanço farpas envenenadas com o meu mais vil desprezo, e uma hora surtirá efeito, é questão de tempo.
Gostaria de dizer-lhe que meu amor por ti permanece intacto, querida, e continuará desta forma até o fim dos tempos. Lamento a sua partida a cada instante, mas a mantenho segura em minhas lembranças, das quais nem mesmo ela é capaz de apagar.